Sou um lixo humanizado Perdido na rua torta Sou um número, indigente E sem rota Indiferença no olhar Os antibióticos vão me matar A polícia que sufoca Cracolândia em minha porta Eu ainda resisto e isso importa Cracolândia em minha porta Eu ainda respiro As crianças no caminho semimortas As mulheres nas ruas todas tortas E os jovens pobres considerados indigentes E os direitos sociais continuam inexistentes Cracolândia em minha porta Eu ainda resisto e isso importa Cracolândia em minha porta Eu ainda respiro Importa as crianças, as mulheres, os trabalhadores Os pobres, as mães, as trans Importa a negritude, os jovens, importa as pessoas que estão nas filas dos hospitais Abrigos, imigrantes, pessoas que pedem por um pouco de visibilidade A indiferença é o mal Importa você