Tempo virou Vento varreu a capoeira Na capivara caipora Se enfeitou Perto da pirambeira A tucandeira Curumim, leso, se encantou Por feiticeira O Kadiwéu Pediu ao céu a noite inteira E a Yara a ariramba Festejou O bote da besta-fera Caranguejeira O matim, teso, assobiou Rasga madeira Ninguém viu pra onde foi cunhatã-ãn Que nadou no remoinho, pelejou a luta vã E coitado do maninho com o seu muiraquitã O uirapuru Adormeceu a passarada A pirarara Perseguiu pirarucu Conta a curuminzada E a cabocada Borzeguim, um suburucu Chora a queimada Cunhatã sumiu na beira do rio Foi o bicho que a levou pro fundo do mundo sombrio Cá lá embaixo, calafrio, calabouço do Brasil Porantim sagrado Remo encantado Bíblia mágica do clã O tuxaua sateré-maué Ouvia voz do índio Deus Tupã Surucucu Surrupiou a morte e o dia A jararaca na magia Do urubu Tomou choque da enguia Carcaça fria Foi o fim dos Munduruku Da cotovia Cunhatã boiou na pele do rio Foi o branco que a levou pro fundo do mundo sombrio Mais um índio lamentou a descoberta do Brasil Porantim sagrado Remo de Tupana Bíblia mágica de mil sinais O tuxaua tupinambarana Traz de volta a voz dos ancestrais