Quem não tem a própria voz Vai imitar alguém Pra desatar o não e os nós Ir além Se não se encontrar a sós Nunca vai ser ninguém O homem será mero algoz E seu refém Sempre vão lhe comparar Com outro alguém Quem não tem a própria luz Às vezes fica sem O brilho, apenas se transluz Vive aquém Quem a vida não conduz A morte um dia vem Perecerá na mesma cruz Com seu desdém Pra sempre permanecerá Depois no Além A natureza tem Um bicho que traduz O vaivém dos pássaros O regonguz O capitão do mato As araras azuis De peito estupefato Ele tudo transmuz Lá vem o japiim O japiim-xexéu Que zomba lá do céu A caçoar de mim Quem não tem o próprio som Faz que nem japiim Só reverbera o que é bom Diz que sim Quem não tem o próprio dom É meio assim, chinfrim E canta só fora do tom Em mandarim É melhor se transformar Num beleguim Quem não sabe onde é a foz Ou o manancial Só vive perdido no atroz do banal Quem não nasce pra albatroz Há de viver pardal Mas se não for bicho feroz Será mortal Vão na certa lhe atirar Num matagal A natureza tem Um bicho que traduz O vaivém dos pássaros O regonguz O capitão do mato As araras azuis De peito estupefato Ele tudo transmuz Lá vem o japiim O japiim-xexéu Que zomba lá do céu A caçoar de mim Danado passarim A caçoar de mim Que nem o japiim