Eu sou aquele que ninguém queria ser Mas não me incomodo se você não vê Que minha alma está longe dos mercados E meus modos valem símbolos sagrados Não quero ser mais a última tradição Nem o novo fetiche da modernidade Só que se respeite quando eu digo que não Que meu chão não é o que se pisa na cidade Sou antigo, e persigo ainda vivo Como lenda, que não deixa de fazer sentido Me procuro, mas perder-se é decisivo Pois só se encontra quem um dia foi perdido Minha velha casa hoje é um museu Que é lugar dos mais doídos desatinos Mas pajé antigo, que nunca será seu Não deixa de ter um pra ter muitos destinos Quando o igarapé desemboca no igapó Eu remo o casco e ele não me leva à esmo Minha solidão nunca me deixou só Por isso quase sempre fui eu mesmo