Numa fria madrugada Eu arriei o meu Picasso Fui fazer uma caçada No campo de Santo Inácio Num rancho beira de estrada Pra aliviar o meu cansaço Parei pra beber uma água Conheci o velho Epitácio Era o rei dos cantador Ai, que teve um triste fracasso Seu moço, você está vendo Esta viola empoeirada? Faz dez anos que este pinho Está no canto pendurada Dez anos atrás esta viola Sempre foi a minha enxada Eu com o meu companheiro Nós dois não tinha parada Toda semana cantava Levando a vida folgada Cada dia uma cidade Sempre fazendo viagem Pra violeiro despeitado Bater com nós é bobagem Em modas de desafio Nós tinha grande bagagem Desafiava dia e noite Não levava desvantagem A fama do Nhô Epitácio Já estava em muitas paragem Fizemo a última viagem Do lado do Itararé Quando bateu meia-noite Os campeão chamou no pé Cantemo o resto da noite Sem desconfiar da má-fé O povo fingia alegre Dançando e batendo o pé Quando foi de madrugada Para nós trouxeram café, ai Seu moço, aquele café Foi verdadeira cilada A parte que nos trouxeram Tava toda envenenada Por eu não tomar café Me livrei dessa emboscada Sem dizer que aquela gente Tava toda desfeitada Os campeão que nós quebremo Tinha fama respeitada No outro dia faleceu Meu parceiro de estimação Pendurei ali a viola E nunca mais botei a mão Esta viola é vitoriosa Nunca perdeu pra campeão Esta foi a última viagem Que enlutou meu coração Porque perdi meu parceiro E além disso é meu irmão, ai