Sapo da lagoa andava tão cansado Pois implicavam tanto com seu pé Sempre que passeava, toda "sapaiada" lhe dizia: Lá vem sapo chulé! Sozinho ele ficava, todo envergonhado Tentando achar alguma solução Lavava o seu pezinho, comprou talco e até sabão Mas sempre ouvia aquela tal canção O sapo não lava o pé Não lava porque não quer Ele mora lá na lagoa Não lava o pé porque não quer Mas que chulé! De tanto ouvir aquela brincadeira O coitadinho ficava coaxando sempre só Se esquecia das sapinhas verdinhas, tão bonitinhas Que pulavam pelos brejos ao redor Pensava cabisbaixo: "meu Deus, o que é que eu faço?" Queria acabar logo com aquela situação Pois tanto santo dia era a mesma melodia, a sapaiada entoava a canção Foi então que decidiu que era hora de mudar Quem sabe tirar férias, sair do mesmo lugar Ficou sabendo de uma festa tão bacana Só que era lá no céu, no próximo fim de semana Mas se sapo não voa, não tinha como chegar Nas nuvens tão branquinhas onde os bichos vão dançar Desolado, este sapo cururu, ficou com cara é de sapo jururu "Mas pra que tanta tristeza?!" , pensou o sapo sorrateiro Bastava se esconder na viola do seresteiro O urubu nem percebeu quando o sapo lá entrou Ficou lá dentro bem quietinho e a viagem aguentou E ao chegar ao céu, a diversão era total Sapo saltou da viola e a surpresa foi geral Dançou samba, dançou mambo, um forró e até axé Não se cansava e se esqueceu até do pé!