Eu tinha um galo de estimação Todo dia ele me despertava Quando ele abria o bico e batia as asas A luz acendia em todas as casas Um relógio sem pilha Um cantor sem instrumento Que alegra o sertanejo Esbanjando seu talento Todo mundo daquela cidade Já sabia o horário quando ele cantava Era hora de ir pro fogão Fazer o café e pôr o pé na estrada Mas um dia Um viajante sem coração Passou o cutelo no galo E calou o sertão Com o triste fim Daquele galo tão querido Todos ficaram perdidos E de luto no sertão Daquele dia Todos começaram a se atrasar Pois quebraram o relógio Que ninguém Podia consertar