O blues na minha vida Em calças de ganga vestidas Esguias no traço Vagas no passo Que as leva e traz No ruído do tráfego Tanto faz Tanto faz Fim de tarde em café Com uma amiga em naufrágio Sacrossanto, altar de espanto Pouco pra dizer a não ser Beber-te os olhos Beber em tragos No silêncio do quarto de hotel O blues marcando a vida Quando o grito desafina E as ideias explodem Nas veias do poeta Traçando o ritmo Forçando a rima Traçando o ritmo Forçando a rima Às vezes prefiro despejar copos no meu silêncio macabro Nas margens, deserto Por entre os dedos o medo, o medo Estou a ficar bêbado, sabes Bêbado na ânsia felina da espera Que abre as portas do prazer Quero-te Quero-te Caí agora em mim E desci entre aplausos Davam-me honras militares E o lugar no cadafalso Caí agora em mim E vou ser o maior Quero ver-te de rastos a ganir Mergulhando a meus pés Quero-te Quero-te Os meus olhos caem vermelhos sob o peso do dia A música sabe a whisky Quando o momento chegar Quero ficar no pensamento da madrugada Amanhã outro dia Voltaremos cativos enquanto a promessa da vida Resistir como esperança de sabor diferente Tanto faz Tanto faz Tanto Faz