Chega bem cedo, a cara esmurrada Cambaleando sem dizer nada Olha à volta e fila o primeiro Oh meu, espera aí, tou sem dinheiro Oh meu, tu não fujas, eu sou o Mãozinhas Arranja-me uns trocos p'ras vitaminas Manel solitário, às oito na praça Sentado num banco, olhando a estátua Manel, o das mãozinhas Anda solto pela cidade A fazer algum pela vida Sombra magra sem idade Pra frente e pra trás, a falar sozinho O povo passa pelo maluquinho Vai mais um bagaço e o Lino não chega Anda aqui bicho a moer-me a cabeça Manel não aguenta e sai disparado Um carro que trava: Ah, meu grande bandalho E se fosse ali a morte a chegar Ó morte da vida, deixa de me olhar Manel, o das mãozinhas Anda solto pela cidade A fazer algum pela vida Sombra magra sem idade Sombra magra sem idade E sempre às voltas, ao longo da praça Contando uma história, pedindo a quem passa À tarde, na escola, os putos são certos Manel fica à esquina, a polícia está perto A noite tropeça numa discussão O caldo não chega pra dois, meu irmão Na casa de banho da velha taberna Manel aperta a veia que sangra Manel, o das mãozinhas Anda solto pela cidade A fazer algum pela vida Sombra magra sem idade Sombra magra sem idade Sombra magra sem idade Sombra magra sem idade