Minha biografia é privatizada Distorcendo a corrente sanguínea Distraindo para contas bancárias Meu biotipo preto Tipo um Cristo que nasceu Irmão caçula da mãe Filho de um pai postiço Moleque criado nos caminhos Onde o corpo-despacho é invisível E a cor da pele é a decisão Abafada na lona de plástico Ou em um pedaço de papelão Amarrado no poste Todo Jesus é negro quando a vida diz não Não sei se é Exu Ou se é a cachaça que abraça Mas sei que eles protegem A cada 23 minutos que passam Vou descansar minha capa Alimentar as traças Amanhã preciso me salvar de novo