Querem que a gente fique pianinho Mas o que a gente quer é ser tambor Querem que a gente seja a isca Mas o que a gente quer é ser pescador Querem que a gente seja os bois Mas o que a gente quer é ser motor Querem privatizar o horizonte Mas, quer saber? A gente improvisa pelo retrovisor Eles insistem A gente já é O ritmo O anzol A potência O movimento Pés que não se sujam não conhecem um mundo que sai do lugar Os nossos são a própria estrada As curvas, os buracos O aceno para quem a gente não conhece Mas que sempre esteve ali Como uma paisagem distante Inventaram drones e helicópteros para tentar nos vigiar Mas a gente também usa asas postiças Pipas e balões É o mesmo céu O mesmo azul Os vapores das águas de lá chovem aqui Os vapores do suor daqui apavoram e são a tempestade no lado de lá As nuvens estão vindo ou nós que estamos indo? Ilhas de edição Desde quando ainda nem estávamos Mas já éramos o enredo Dos ancestrais que a gente traz Memórias do sangue de todos os tipos Nas páginas do corpo Nas veias dos livros Farinha emprestada às pressas pro vizinho Devolvida na fatia de bolo ainda quentinha O algoritmo do mundo aqui de fora Onde a gente dança Onde a gente canta Algum ritmo que toque lá dentro Onde o coração é tão grande Como um gigante escondido no microcosmo da casa Inevitável não ver Eles insistem Mas aqui, só amor