Por quem meus bolsos esvaziam? Por quem não choro por vergonha No arrependimento da segunda-feira Que não dura até o fim de semana? Por que sofro com o que gosto Se mato para viver? Nas sinucas falsas Nos gritos não ouvidos Na surdez da multidão Por que pra mim não digo não? Pelo álcool, pela grana Pelas putas que não dizem não Por quem mata os pais? Por quem se satisfaz Se no fim da festa só nos resta Corpos vazios? Pelas almas tortas Que renegam a razão Pelo cheiro das covas que me esperam ansiosas Pra devorar meu corpo Pra dissolver minha vida A assim firma teu chão por quem vivo torto Nas ruas imundas, nos becos escuros Na comida que me devora Antes do diabo Me esmagar com a mão