A Lua calma faz silhueta no horizonte E uma coruja de repente sai do ninho Estrada à fora vai remoendo os anseios Por ser tropeiro não canso de andar sozinho Léguas de campo que já ficaram pra trás Ao trote manso do parceiro dos arreios Que vez por outra troca a orelha sempre alerta E empurra a tropa escarciando e tinindo o freio Seguem no rastro, seus parceiros da confiança Dois ovelheiros que vão fazendo o fiador E o gado arisco aos poucos pega o embalo Deixando ao longe a poeira no corredor A luz de um rancho encravado na coxilha É um convite pra um andante repousar E o patrão lhe grita: Passe pra diante Boleia a perna no galpão pra desencilhar! Um mate bueno, prosa farta e cantoria Causos de tropa, de rodeio e marcação Uma costela assando à moda tropeira Em contraponto com o velho fogo de chão Um galo canta e no más outro responde Relincha o pingo, já é hora do reponte Recolhe as garras, enche a mala de garupa Enquanto o Sol faz um clarão no horizonte (Sina andarilha de quem vive neste pampa Sem nome nobre, sem diploma nem dinheiro A tua história está escrita nos corredores Porque pra ti, o que basta é ser tropeiro