Uns com tanto Outros tantos com algum Mas a maioria sem nenhum Essa história de falar em só fazer o bem Não convence quando o efeito não vem Porque somente as palavras não dão solução Aos problemas de quem vive em tamanha aflição Uns com tanto Outros tantos com algum Mas a maioria sem nenhum A maioria que é chamada minoria (Uma estratégia a mais pra nos enfraquecer) É quem se acaba indo e vindo todo dia Pra manter a mais-valia Pro sistema enriquecer A maioria que recebe anestesia Da internet, dos jornais e da TV E que, apesar de tudo, tem sabedoria Pra viver com alegria Insistindo em não morrer A maioria não encontra a porta aberta E sua pele escura é criminalizada Porém, um verso é sempre a lâmina mais certa Pra deixar o povo alerta E a alta-roda inconformada A mão que escreve também é a que liberta Quando escancara a dor que é silenciada De quem é o alvo onde o tiro sempre acerta Enquanto a máquina acoberta Pra no fim não dar em nada Uns com tanto Outros tantos com algum Mas a maioria sem nenhum Há muita gente neste mundo estendendo a mão Implorando uma migalha de pão Eis um conselho pra quem vive por aí a esbanjar Dividir para todo mundo melhorar Uns com tanto Outros tantos com algum Mas a maioria sem nenhum Já foi-se o tempo de pensar que elegância É um tal estilo eurocêntrico de ser Raiz colonial que cheira à intolerância Mesmo sem haver distância Rico e pobre vão morrer Se eu tô aqui, é pra quebrar essa arrogância Afro-elegante, sangue ubuntu, pode crer Sou candeeiro negro em plena vigilância Pra mostrar nossa importância Pra brindar nosso poder Sou parte de uma juventude-voz-ativa Que estuda as grades de um elitismo conservado Peço atenção pra voz que vive a narrativa Não de forma ostensiva Mas pra lutar do seu lado Defendo a lógica da ação afirmativa A taxação real dos super-abastados E o fim da escala 6 X 1 tão exaustiva Um negro que não se esquiva É assim que eu quero ser lembrado Uns com tanto Outros tantos com algum Mas a maioria sem nenhum