Deitado em uma rede desdobrava seus sentidos Se fazia em infinitos, desfazendo seus intentos Recorrendo aos novos gritos de sussurros e de ventos Quando abriu sua cabeça flutuou no movimento Deparando-se com a curva cruel do seu pensamento Repetiu mais de uma gula da comida da existência Não reproduzindo a forma coerente da certeza Teve de mudar o preço do alimento da cabeça E do espírito ao esgoto se encobriu de incoerência Afirmando-se tão solto se prendeu na referência Viu um buraco de vexames, de chamego, de inocência Tão real quanto o seu sonho, tão valente quanto o medo Não juntava nem rimava, mas rimava com frequência Viu que a boca engolia a cidade e a reticência Que a volta é o início e o início é a incerteza Que do texto não se esquece, mas o apaga o tempo inteiro Que o acerto é o começo, meio e fim só de mistério E o mistério é um segredo da cabeça efervescente Da loucura e do desejo, é fornalha que não aquece Mas termina na certeza de uma resposta pelo meio Que a conta do mistério tem o número primeiro Que sempre desaparece, mas fica aparecendo É uma conta que se soma, que divide fora e dentro Multiplica a resposta, diminui o entendimento