Eu sou filha de uma dor Que nasceu no interior de uma saudade Neta de vô preto velho Que me ensinou os mistérios Bitita, cor que sonhou liberdade Me chamo Carolina de Jesus Dele herdei também a cruz Olhem em mim, eu tenho as marcas Me impuseram sobreviver Por ser livre nas palavras Condenaram meu saber Fui a caneta que não reproduziu A sina da mulher preta no Brasil Os olhos da fome eram os meus Justiça dos homens não é maior que a de Deus! Meu quarto foi despejo de agonia A palavra é arma contra a tirania! Sonhei sobre as páginas da vida Ilusões tolhidas por um sistema algoz Que tenta apagar nossa grandeza Calar a realeza que ainda vive em nós Meu barraco é de madeira Barracões são do Borel Onde nascem Carolinas Não seremos mais os réus Por tantas Marias Que viram seus filhos crucificados Nas linhas da vida, verbo na ferida, deixei meu legado Meu país nasceu com nome de mulher Sou a liberdade, Mãe do Canindé! Muda essa história, Tijuca Tira do meu verso a força pra vencer! Reconhece o seu lugar, e luta Esse é o nosso jeito de escrever!