Nossa vida é uma curta passagem Nosso tempo aqui é valioso Aproveite e olhe a paisagem Talvez você não verá de novo Eu nasci e fui criado nos pampa Cavalgando desde guri Juntando o boi pelas guampa O meu berço Natal é aqui Sempre lidando cos bicho Pelos matos por aí Com a roupa cheia de carapicho Era assim que eu ía me diverti Quando eu fiz quinze anos Um presente do pai eu ganhei Um cavalo ruano Que o nome de trovão eu lhe dei Ele era um pôtro veloz De crina branca e couro dourado Quando ouvia minha voz Ele vinha correndo, era muito ensinado Mas como eu disse primeiro O destino é ligeiro E a vida passa Aproveite o agora Pois nunca se sabe a hora Que tudo vai virar fumaça Os anos se passaram E com ele o meu tempo de vida Certo dia eu passei mal Me saiu no corpo umas feridas O diagnóstico foi terrível Que notícia horrível Que eu recebia O câncer estava espalhado Eu já condenado Não passa 3 dias Ao meu pai fiz um pedido Por favor cumpra por mim Quero ser cremado e trazido Pra casa, quando chegar meu fim Quero que as minhas cinzas Sejam postas no lombo do trovão Meu pai com lágrimas no rosto Aceitou aquela minha apelação Se passaram alguns dias E a doença venceu Meu pai estava abalado Mas cumpriu o que me prometeu Mas quem viu aquela cena No mesmo instante se espantou Quando colocaram as cinzas O meu cavalo correu, se mandou Era como se ele sentisse Que era eu que estava a subir E ainda dizem que bicho não sente Eu lhe asseguro, ele podia sentir Cavalgou pela noite inteira Com a Lua no céu a guiar Acredite você ou não Mas o trovão Não queria parar