Era uma época sagrada Nos festejos de São João A vila toda enfeitada Reunia a multidão As crianças correndo Tinha estalinhos e quentão Cachorro-quente vendendo Tinha quadrilha no salão Quando no meio da festança Surge um homem de feição Logo que entrou na dança Fez tremer o coração De uma bela senhorita Que viu nele uma paixão Ela sentiu-se esquisita Nascia uma relação Dançaram pela noite adentro Ele tanto a conquistou Que ao final num passo lento Pra casa dela, ela o levou E pelas luzes das estrelas Os dois foram namorar Mas quando a manhã chega Onde é que ele está? Ela nunca mais o viu Ninguém sabe o que ocorreu Só avistou o rastro até o rio E nas águas desapareceu Passaram-se nove meses Uma criança nascia Assustando os camponeses Quando a criança se via Essa é a cina do boto Que veio ao mundo em figura paterna Quando se viu nascer um garoto Com uma cauda e sem as pernas Essa é a história do boto Que sai da água pra dançar Festejando a vida maroto Quando a festa junina começar Esconda a sua filha Pois se o boto a avistar Vai crescer a família E um neto você vai ganhar Não dance junto à quadrilha Que no salão vai rodar Pois nada mais brilha Do que o seu olhar O boto tanto enfeitiça Que a moça não quer outro par Ela tanto o cobiça Faz a festa parar Essa é a cina do boto Que veio ao mundo em figura paterna Quando se viu nascer um garoto Com uma cauda e sem as pernas