Certa vez um gaúcho Foi parar no Maranhão Querendo encher o bucho Parou o seu caminhão Foi na beira do asfalto Que ele estacionou E de cima deu um salto No pátio do posto parou Entrou em um restaurante Destes que só vai granfino Mas sentiu naquele instante Tocar sua perna um menino O menino estava sujo Triste que dava até dó Ele pediu para o gaúcho Não me deixe aqui só Eu fui abandonado Meus pais nunca mais vi Eu nunca fui cuidado Ninguém me ama aqui O gaúcho o olhou E viu como estava magro Então o menino ele pegou E mandou encher um prato O povo ficou olhando A atitude do sujeito Todo mundo comentando Que aquilo não era jeito Uns já foram levantando E saindo do lugar Ficaram todos falando Aqui não dá pra ficar No mesmo estabelecimento Que um indigente qualquer Está imundo e nojento Fedendo muito chulé O dono do restaurante Então ao gaúcho foi falar Sinto muito visitante Mas vai ter que se retirar Pode ir e boa viagem Que Deus vá lhe acompanhar O seu prato e o do menino Eu não irei cobrar O gaúcho saiu triste Com o fato que ocorreu Ao menino ele disse Esse povo enlouqueceu Esqueceram que o maior Homem que já existiu Vagava o mundo sujo de pó E de mendigo se vestiu O menino o olhando Disse tenha calma meu amigo O povo vive me maltratando Mas Deus anda junto comigo E no mesmo instante Ele desapareceu O gaúcho espantado Aquilo não entendeu No mesmo dia do fato O restaurante fechou Por denúncia de que havia ratos A vigilância embargou Quando o gaúcho voltou pra casa Viu seu terreno enriquecer Pois mesmo sem plantar nada Muitas coisas foi colher E percebeu naquele instante Fazendo o sinal da cruz Que o menino do restaurante Era o senhor Jesus Juro que desde aquele dia Como este céu é azul Nunca teve carestia Nas terras do Rio Grande do Sul