Vou lhes contar uma história Que vocês vão querer saber Eu guardo no fundo da memória Nunca vou me esquecer Na vila que eu morava Muitas crianças brincavam De bola, pipa e peão Mas a história que hoje vou contar Não tem razão pra brincar E nenhuma diversão Vou contar a vida de um menino Pobre, magro e franzino Que tinha o nome de João João era bagunceiro Pulava na terra e na areia Fazia castelo de travesseiro E jogava futebol de meia Mas um dia se descuidou A bola foi parar na estrada Logo que ele buscou Passou uma camionete acelerada Só se ouviu ele gritando E o corpo alí jogado O motorista acelerando E João ensanguentado O povo o acudiu E a ambulância chegou Quando aquele corpo viu O paramédico chorou Pro hospital foi levado E lá muitos dias ficou Ao seu pai foi avisado O menino se salvou Mas vou dar uma notícia que eu não queria Pois vai te arder como soda Ele teve paraplegia Vai ter que usar cadeira de rodas O pai no choro desabou Lamentava o ocorrido Mas a Deus ele orou Obrigado por não ter morrido E João o foi abraçar Disse calma meu paizinho Jesus um dia vai me curar Eu vou pedir com carinho Passaram-se alguns dias E João ía rezando Cure a paralisia Era o que ía falando Toda noite que deitava Na cama ele dormia Sozinho ele rezava E pra Deus ele pedia A sua fé que foi tão forte Maior que a tristeza que sentia Superou até a morte E a dor que o agredia Um dia rezou tanto Que acabou adormecendo E sonhou com um santo Que logo foi lhe dizendo Joãozinho ouça o que eu digo Tua fé te trouxe alegria Não tema mais nenhum perigo Durma e acorde no outro dia Logo na manhã bem cedo Você vai ficar curado Eu digo, não tenha medo Seu pedido foi escutado Hoje você dorme doente Sofrendo de dor e machucado Mas por ser tão insistente Amanhã acorda sarado E logo que amanheceu Da cama ele pulou A Jesus agradeceu E bem alto ele gritou Pai arrume a minha bola E um sapato pra jogar Bote tudo na sacola Que eu tô descendo pra pegar O pai de dó do coitadinho Arrumou sem nem pensar Mas quando viu de pé seu filhinho Nem podia acreditar E ajoelhou-se no chão Começando a chorar Pois viu que a oração Deus podia escutar João estava tão feliz A sua cara alegre de ternura Não tinha uma cicatriz No corpo nem ataduras Não há dor que permaneça Com uma fé grande e forte Não tem corpo que adoeça Nem vivo que conheça a morte Se tiver um coração Cheio de paz e bondade E na boca não falar Aquilo que não for verdade Mas poucos hoje em dia Tem a mesma fé de João E vivem na paralisia Mas não é a de corpo não É a paralisia da mente Que não sente quase nada Quase nunca planta a semente E nem colhe a que foi plantada Querem se aproveitar da vida E nunca lembram de rezar Mas quando tem uma ferida Pra Deus correm implorar O mundo seria perfeito Cheio de amor e paixão Se todos tivessem 50 por cento Da fé que tinha João