Me resguardo em curtas palavras Pelas páginas do livro que li Onde caem as minhas frias lágrimas Dos medos e aflições que senti Caio em um sono tão profundo Mesmo tendo a insônia a me perseguir Parece que está avesso o mundo Ou meus olhos, estão a me iludir Meus sonhos, tornam-se pesadelos Onde só existe eu e a escuridão Escrevo cartas, mas não tenho selos O destinatário é ponto de interrogação Quando eu acordo eu percebo o silêncio E logo vejo que estou numa prisão Talvez eu seja apenas um velho rabugento Cabelos brancos e aparência de ancião Pois quase sempre ando triste e cansado E a dor é que me faz companhia Tudo o que escrevo, já foi imaginado É como a alma criando sua fantasia Todas as noites eu sento frente a janela Observando a noite a desfilar Como uma miss estonteante na passarela Vagalumes pelo escuro a iluminar E quando a chuva cai tão calmamente Molhando o chão e a grama a encharcar Faz cair uma lágrima da gente Que com a água da chuva vai se juntar Lembro daquilo que eu já tive um dia Mas hoje já não posso mais ter Derramo a lástima em pura poesia Num velho caderno onde vou escrever O silêncio se torna meu único amigo Que junto a mim vai adormecer E os seus braços eu farei de abrigo Esperando o novo dia amanhecer Sei que lá fora ainda há muita violência O mundo sangra e faz a gente sofrer Muitos vivem enfrentando a carência Enquanto outros tem amores pra escolher No palco do teatro eu vejo o palhaço chorando Enquanto o público aplaude sem parar O segredo da vida é não viver esperando Pois quem espera, passa a vida a chorar Pobre palhaço, agora cai de joelhos A sua dor, a mim tanto doeu Quando a frente, pude notar um espelho Vi a face triste, o palhaço era Eu