Acordo e logo abro a cortina Eu vejo o Sol já está queimando Jovens escorados na esquina De mão em mão, já estão passando Os muros pichados no final da rua Tem desenhos de palhaço e caveiras Essa é a realidade crua Das periferias que são prateleiras Onde se oferecem sentimentos Vendem todos na promoção Quando se conhece o sofrimento De uma família sem condição Eu vejo moleques correndo na poeira Enquanto suas mães vão se prostituir Essa é a sociedade verdadeira Que a mídia esconde, tenta excluir Eu vejo meninas perder a inocência Muito mais cedo do que devia ser Eu vejo muita gente pedir resistência Mas vejo muito mais pagando pra não ver A bandeira do estado está manchada Pela cor do sangue que se derramou Bem alto no mastro, está hasteada Eu vejo os furos da bala que a facção atirou Onde está aquele velho profeta Que um dia disse que o mundo iria mudar Já enterraram o último poeta Que ainda podia rimar Vejo nas calçadas o refletir da Lua Crianças brincando sem nada temer Linhas escritas na lama Poesia de rua Que algum sonhador foi escrever Vejo as garotas quase nuas Na curva da estrada sob a luminária Essa é a realidade crua De uma sociedade precária As mentes humanas estão confinadas A uma prisão perpétua Para o corredor da morte estão condenadas Rumo a cadeira elétrica Corações vazios, e bocas cheias Cérebros a se decompor Eu vejo o ódio, correndo mas veias Eu vejo a raiva vencer o amor O sangue escorre do corpo do inocente Aos poucos vai apodrecendo Aos poderes do ódio, o homem é conivente Aos domínios das trevas vai se perdendo Vejo nas calçadas o refletir da Lua Crianças brincando sem nada temer Linhas escritas na lama Poesia de rua Que algum sonhador foi escrever Vejo as garotas quase nuas Na curva da estrada sob a luminária Essa é a realidade crua De uma sociedade precária Loucuras modernas Seguem seu compasso Ao abrir das pernas No fechar dos abraços O mundo invertido Causa tanta dor Prazeres corrompidos Perdeu-se o valor Esforço diário É tudo o que me resta Enquanto no plenário Discutem qual será o salgado da festa É como chamar de otário O Brasileiro que ainda presta Vejo nas calçadas o refletir da Lua Crianças brincando sem nada temer Linhas escritas na lama Poesia de rua Que algum sonhador foi escrever Vejo as garotas quase nuas Na curva da estrada sob a luminária Essa é a realidade crua De uma sociedade precária