Cena triste, o mano abre a geladeira e só vê água Dói no peito vê o filho com fome, isso só dá mágoa O capitalismo selvagem que te faz enlouquecer Portas batendo na cara, oportunidade é só na TV A realidade é mais cruel, única saída, o crime Caminho mais doloroso, que engana até o mais firme Enfeite o túmulo agora, lá vai o mano resolver um assunto Ontem um bom cidadão, hoje um ladrão, amanhã um defunto As glórias conquistadas no presente são ilusórias Prepare o caixão do defunto, no crime não há vitórias De geração a geração, nada muda, sempre a mesma merda Manos querendo impor respeito, forjando suas próprias quedas Não adianta clamar por Deus, Ele não vai acalmar a tempestade Efeito imediato da ação do bicho homem, que faz tanta maldade Manos se matando, traficantes viciando, mães em clínicas médicas O remédio é caro até demais, a solução: ações antiéticas Aponta a PT na cara do comerciante, roube todo o dinheiro A consequência é o gambé carniceiro, que chega e atira primeiro Depois dá entrevista, heroi do dia, mais uma medalha na farda Bandido foi abatido, exibe o corpo como se fosse uma onça parda Atirador de elite, vai se fuder, aqui é mais uma vítima Manda o político pro inferno, aí sim a causa é legítima Olha aquela garota grávida, consequência do programa Vai dar a luz a mais uma vítima do sistema, sinta o drama No futuro um sujeito homem, que preferia ter ido no aborto O moleque que te assalta no farol hoje, amanhã vai tá morto A sociedade aplaude a morte de qualquer ladrão Mas nunca se mobiliza contra os políticos do mensalão Cresci fora-da-lei, vida bandida, muito respeito pelas favelas Mas pro crime eu não volto, pra mim não acenderão velas Contrariando a estimativa dos 18 anos, aqui estou, firme e forte Amor por Deus sempre, respeito à família e distância da morte Mano Brown é que tá certo, um bon vivant não mostra seu ponto fraco Caso contrário, morte certa, corpo esquartejado em um saco Hoje um ladrão, amanhã um defunto Crime, drogas, vaidade, faz parte do conjunto Hoje um ladrão, amanhã um defunto Em um segundo, é você contra o mundo Aos guerreiros espalhados pelas periferias do Brasil Cabeça erguida irmão, não se aliste nessa guerra civil É fácil julgar aquele que está errado, é conveniente Pagar de moralista em um país falso, onde só tem demente O futuro do favelado não interessa aos governantes Sinto nojo do meu país, a classe rica pra mim é repugnante Hoje um ladrão, amanhã um regenerado Nada é impossível, não se sinta um derrotado Meu nome tá em jogo, represento a favela, sou um réu Os manos tão todos indignados, ninguém aqui vai pro céu Mergulhe no mar de sangue negro, que cada dia é derramado Deus me deu o livramento, mas o diabo cada dia tem me testado Oferecendo fortuna, fama, moral e reconhecimento Pra depois eu ser encaixado em uma vala de cimento Faça por onde a partir de hoje, seu futuro tá em jogo Não seja o ladrão do momento, se desfaça da arma de fogo Na hora que você estiver em fuga no Golf GTI roubado Se lembre quem você é, naquele bom rapaz do passado Saiba que o momento ruim é passageiro, é só uma fase O mano de verdade jamais age como um kamikaze O sonho de todo malandro é a felicidade da coroa Terminar os estudos e dá uma boa vida pra sua patroa O vilão de verdade não é aquele de bombeta e Cyclone É o ladrão de terno, deixando mais uma criança com fome Pra esses devemos ecoar o grito, todos juntos Hoje vários ladrões, amanhã vários defuntos