Era uma noite de domingo na hora marcada quatro manos em um carro seguiam pra balada Queria agitar, vibrar se divertir sem se quer imaginar o que estava por vir Sorriam, cantavam celebrando a vida brindando o momento com copos de bebida Enquanto em casa seus pais de joelhos no chão rogavam Deus te entregamos Nosso filho em suas mãos Já que nossos conselhos nunca foram ouvidos Quem sabe hoje os seus anjos o livrem do perigo de ter que despertar do Como na UTI dizendo mãe eu deveria, mas nunca te ouvi Pai eu nunca dei valor ao que falava enquanto me instruía eu dava gargalhas E saía sem ao menos os deixar dizer Filho te amamos aconteça o que acontecer Não queremos vê-lo em um sinal fechado esmolando com a receita o que foi medicado Ou na tragédia que faz a vida ganhar sentido Mostrando quem são seus verdadeiros amigos nem que nós sempre estivemos com a razão Por isso Deus te suplicamos a sua proteção Naquela noite suas preces não absolveram os réus E o Diabo apareceu bem antes que os anjos do Céu Aqui a lei não vigora e segue na contra-mão com quem transforma Carro e moto em arma de destruição O DENATRAN na prática te faz entender que mesmo que não queira ele vai te corromper Na Blitz te mostrará que de nada adiantou sua CNH o IPVA que te cobrou Pois, o sistema te atropela em qualquer esquina se um agente te parar E você não pagar propina Então pra que sinais e placas se contamos com a sorte? Na faixa de pedestre cuidado com a morte No Brasil há uma guerra nas vias nas estradas a cada 15 minutos uma pessoa atropelada vítima De quem trafega quase sempre alcoolizado certo de que se matar nem se quer será julgado Que responderá seus crimes em plena liberdade e não sentirá a dor Tão pouco a saudade do parente Que morreu brutalmente atropelado por um carro a 100 por hora e nem socorro foi prestado Ou saberá o que é viver aprisionado a uma cadeira sonhando Em dar um passo o resto da vida inteira Ou a tristeza do pai que ao velar seu filho prometeu fazer justiça Enquanto ele estiver vivo a dor da mãe Que no mundo perdeu o que mais amava lendo a carta do eu filho psicografada O baile estava lotado e em meio a multidão os quatro amigos Perdiam a noção do quanto suas mentes podiam suportar Agora além de bebidas passaram a cheirar algo Que os levou a sensações irreais a ponto de acreditarem Que eram imortais, que estavam vivendo tão intensamente Mas isso não fará sentido daqui pra frente Eufóricos de corações acelerados, sistemas nervosos centrais desequilibrados Pupilas dilatadas e o mundo a girar Em poucos minutos outra dose virá Drogas e mais drogas era o verso da canção levando ao delírio aquela multidão De jovens que desconhecem a palavra limite Mas não terão o prazer de conhecer a velhice A festa acabou é hora de partir mesmo sendo impossível alguém dirigir O carro foi ligado e em poucos segundos eles Se transportavam para outro mundo a mais de 100 por hora Em uma avenida entre ferragens seus corpos perderam a vida Eles brincaram, abusaram da própria sorte Subestimaram, julgaram-se acima da morte Hoje o que restam são flores e cruzes em homenagem Na curva onde fizeram a última viagem