Um castelo tão distante, um rochedo, um mirante A estrada ensombrada convidando a viajante E a princesa adormecida, necessário a qualquer custo Despertá-la para a vida Dividir com ela o Sol, dividir com ela o amor Dividir com ela todo aquele mundo multicor A menina entusiasmada, dando início à caminhada Mal percebe a cotovia que de leve lhe assovia E aponta com seu bico uma pedra ali vizinha Sobra a qual jaz esquecida uma espada água-marinha Que maravilhoso aquele ornato, reluzente, imponente Parecendo uma fração de um paraíso! Uma aventureira só agora inteiramente preparada Abriu os lábios num fantástico sorriso Um castelo tão distante, um duende, um gigante Um vulcão, um temporal, um cão de guarda espectral Uma luta universal reunindo o bem e o mal numa alquimia imortal Um combate sem igual, um sangrento madrigal numa valsa atonal sem final A espada é quem resiste, sempre a lâmina em riste Golpeando os corações dos intrépidos vilões E embora muito paulatinamente vai em frente, arrancando os espinhos Desbravando os caminhos Quando nem se espera chega o dia em que afinal Se vê o portão de um formidável edifício medieval E a viajante corre em busca da princesa enfeitiçada O princípio e o fim de toda a caminhada Foi um beijo, foi um laço, foi um toque, um abraço E uma síntese de três antíteses num véu de púrpura se encorpou A paisagem se alterou Da viajante, da princesa, da espada se formou Uma fonte de amor com solidez, com esplendor Que saiu a gotejar o seu espírito purista Sublime fruto da conquista!