Entre cortinas de sonhos rasgados Dançam palhaços, desalmados Com lágrimas de prata e pés no abismo Cada passo é um cisma, um paradoxo no ritmo O trapezista voa e se esquece do chão Enquanto a plateia aplaude a sua própria ilusão E o mágico, velho e sábio, só ri Porque sabe que a fuga também é um fim Ôô, quem dança no fio da lâmina fria? São almas desfiadas na melodia O palco é um espelho, o show nunca para E a vida? Só uma luva de cara pintada! O equilibrista bebe o vinho da vertigem Enquanto o domador dorme com seus leões de estimação A bailarina gira num compasso de eternidade Seu tutu é feito de tinta e saudade E o coringa, ah, o coringa! Faz piada da própria sina Entre cartas marcadas e risadas falsas Ele é rei, é peão, é a própria casa Ôô, quem dança no fio da lâmina fria? São almas desfiadas na melodia O palco é um espelho, o show nunca para E a vida? Só uma luva de cara pintada! Quando as luzes se apagam e o pó vira poema Restam os versos, o eco de uma arena E quem ouvir seu próprio riso no escuro Saberá que o truque sempre foi o mundo, puro