No meu barraco, eu vivia Sossegado, todo dia Bem tranquilo, eu dormia Nem o grilo vinha me aperriar Armava a rede Quando eu chegava da farra Até o quebra da barra Pra vê o galo cantar Minha alegria, durou pouco Passei o maior sufoco Quase que eu fiquei louco abestalhado com o que aconteceu No meu barraco um lugar muito pacato foi aparecer um rato pra mexer no que é meu Mexeu no resto de angu Numa caneca Roeu a minha cueca Que estava na maleta Comeu a banda de uma nota de 50 guardada numa gaveta Comeu o fundo da calcinha da inês, do jeito que o bixo fez Foi de ver, é coisa feia Comeu do queijo, da bolacha Da banana Quebrou dois litros de cana Que estava no batente Não é que até Minha chinela japonesa O diabo passou-lhe o dente? Dai pra frente eu fiquei apurrinhado Com aquele rato molhado Que quebrou minha água ardente Fui no mercado Comprei uma ratoeira Passei a semana inteira Atucalhando o condenado Até o gato do compadre juvenildo Eu arranjei emprestado Comprei veneno E botei dentro da cachaça Preparando a desgraça Daquele rato safado Um certo dia Já na alta madrugada Escutei uma zuada De garrafa se quebrando Tô lhe contando! Mas não vá ficar pensando Que é mentira o que se deu O velho rato tomou uma do veneno, me olhou, deu um aceno Lambeu os beiço e morreu