Um dia desses sozinho
Aqui nesse apartamento
Um programa de TV
Mexeu com meu sentimento

Ao mostrar uma boiada
Num chapadão de Goiás
Eu senti naquele instante
O repique de um berrante
Me machucando demais

Nesta hora me apanhei
Gritando com a boiada
Foi meu grito de saudade
Das catiras nas pousadas

Pra alegrar meu coração
Que padece, mas não chora
Pulando aqui no meu peito
Qual um potro na espora

Abri um baú de couro
Que muitos chamam de mala
Sobre o tapete bordado
Despejei o meu passado
Aqui no meio da sala

Nesta hora me apanhei
Gritando com a boiada
Foi meu grito de saudade
Das catiras nas pousadas

Pro bolso de um cutiano
Eu amansava meus potros
Achei um retrato antigo
De um amor maior que os outros

Foi quando bateu na porta
Tava chegando meu povo
Disfarçando a emoção
Peguei minha vida de peão
E guardei no baú de novo

Nesta hora me apanhei
Gritando com a boiada
Foi meu grito de saudade
Das catiras nas pousadas
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