Lá vou eu, cantar a liberdade No trem da eternidade A gente se encontra na estação Minha Portela querida traz flores em vida pra mim Raiando alvorada, devoção Bituca das gerais em travessia Vibrato embargado de emoção De um Silva encantado por Maria Maria é mania de viver A luz que ilumina o pensamento A fé na caminhada pra dizer Derrama o dom divino nascimento Invento um cais O vento traz A brisa do mar, um sonhador O canto que vence o medo na voz de um Anjo Preto Filho desse chão que me criou Em romaria colorindo as cidades Índios, quilombolas dão o tom ao meu pais O povo na rua, a roupa encharcada, no entardecer uma canção Ah meu coração de estudante a palpitar No mar de gente um milagre ao luar E sem mordaças ressurgir o astro rei Vai minha água altaneira Cantando a vida que não tem fim Manso ou feroz Doce ou atroz Eu caçador de mim La la laia, la laia Eu caçador de mim Solto a voz Que o dia vai clarear Meu povo em prece a cantar na procissão Quero chorar, sorrir viver cada momento Feito menino, Milton Nascimento