Olha pra nossa volta, cara! Quantos deles ficaram? Poucos E qual é a sensação De chegar onde por anos você batalhou pra tá? Os problemas mudaram Problema sempre vai existir Você tem olhado com gratidão pra tudo isso? Tudo o que você sempre quis está aí! Você tá falante hoje, hein? Olha esse carro, cara – nada mal pro primeiro! Olha esses números! As pessoas que queriam viver um dia na tua pele Mal eles sabem o que eu enfrento aqui dentro Tá achando ruim, cara? Quer trocar comigo? Você continua sendo só uma voz nos meus pensamentos Então é assim que você me vê? Isso diz muita coisa sobre você Não começa a fazer drama No fim das contas, você é igual a eles Brilha os olhos facilmente Na primeira oportunidade se vende Começou a fazer dinheiro e quis comprar correntes Logo você que tanto em quebrá-las Cala a boca! Toquei na sua ferida? São dez anos indo contra a maré Abdicando daquilo que é inegociável Fazendo sacrifícios que você não faria Eu faço parte de você e acompanhei tudo desde o início Eu tava lá quando você era só um moleque lutando contra o vício Já te vi deitado numa cama, depressivo Tentando cantar de tudo Perdido, procurando um nicho Eu sempre falei disso Sempre evidenciei as batalhas do espírito E agora é só mais um corrompido Opa, opa, opa Pega leve com o rapaz! Salve a malandragem! Você mesmo tá se sabotando Eu vi tudo desde o começo Tem coisas na vida que não tem como fugir O seu talento vem de berço Seus ancestrais aqui do outro lado estão orgulhosos Como que tá o Vô? O mesmo moleque de sempre, assistindo a sua vitória E a sua Vó mandou dizer que cê tem que ter juízo Não se perder na superficialidade do materialismo Como é que tá o espírito dela? Segue trabalhando em prol da cura das almas perdidas Fazendo caridade aqui do outro lado Eu nasci no meio da Macumba E meu aprendizado veio na vivência Cresci no teatro e me aproximei cedo do Povo da Lira Se existe uma coisa que a espiritualidade não aceita É se iludir com as fraquezas do mundo Ou viver uma vida de mentiras Meu caminho guardado na mão de um povo Que me pede pra manter o equilíbrio Não é porque eu ensino sobre essa cultura Que eu tô livre de ter gatilhos Quando eu tava na merda Exu segurou na minha mão e me disse Quando cê tiver lá em cima Se lembra de todos que estenderam a mão Família em primeiro lugar, cara Eu acho que peguei pesado, tô até me sentindo culpado! Tá perdoado De fato, você sempre foi espiritualizado E merece viver como um astro Tô numa Meca E atrás dessa nave tem um adesivo colado de Exú O ar-condicionado ligado no talo Condensa a fragrância do meu 212 Se é pra botar pra fuder Te levo pra Europa na primeira classe Faturo com publi e gasto com viagem Agenda lotada em dois mil e vinte cinco Não foi fácil chegar nesse nível Mas eu sempre fui sonhador Se eu pudesse voltar Quando tudo era só uma visão distante Sangue no olho! Sempre tive sangue no olho! Cê enxerga a maldade no olhar E a malandragem é quem me deu o molho E num piscar de olhos Quem é você? Nos encontramos! Eu sempre te falei sobre o equilíbrio da vida E o quanto ela passa rápido Caveira? Agora você tá do lado de cá Foi um prazer te acompanhar Eu morri, meu velho? Morreu como um homem Em terra deixou um legado Mas isso não muda o fato De que cê ainda precisa pagar pelos seus pecados E por onde eu começo? Perdoando e sendo perdoado Aahh! O ego e a vaidade são desesperadores! Isso dói!!! Eu quero voltar a viver!!! O meu papel é atuar na sua evolução E você só vai sair disso Quando praticar a autocompaixão Tem coisas que o dinheiro e o poder não compram