Cururu Quando o sol ouro encarnado, cansado de passear Busca o seio da montanha, para poder descansar Quando as aves peregrinas, retornam para seus ninhos Os vaga-lumes passeiam, iluminando o caminho E a noite vem cobrindo, com seu manto a mata nua A pintada esquece a fome, fascinada pela lua E assim o meu lugar, caço e pesco de canoa Crio porco e vendo peixe, acho a vida muito boa Pia triste um curiango, no outro extremo da mata A saparia emudece, quando a sucuri ataca Mais pra baixo no barreiro, capivara sai em leva A paca busca inocente, a sua morte na ceva Os urus pra aqueles ermo, cantam que até da pena Uma anta muito arrisca, cruza o rio Ivinhema E assim o meu lugar, caço e pesco de canoa Crio porco e vendo peixe, acho a vida muito boa No remanso do aguapé, ou mesmo do guatambu Jogo meu anzol de vara, geme o mandi-guaçu Com a minha cartucheira, trouxada de aço puro Distância de muitas braças, qualquer bicho eu seguro Assim vou levando a vida, seja lá o que Deus quiser Tenho um rancho e doze filhos, saúde e boa mulher E assim o meu lugar, caço e pesco de canoa Crio porco e vendo peixe, acho a vida muito boa