Nascido no beco, criado no sangue Aprendi que a vida só vale quando arranca o que você ama A cidade é um túmulo e eu sou o coveiro Um coelho azul com olhos mortos, o pesadelo inteiro Meu velho sumiu, minha mãe apodreceu Cresci no silêncio, só o grito que me protegeu Gangues e policiais, tudo é podridão Aprendi que não existe justiça, só execução Quando a noite cai, o meu rosto aparece E quem cruza meu caminho Não se esquece Cavei meu nome na carne e no medo Meu porrete com espinhos é o meu credo Não sou herói, não sou vilão Sou a febre que apaga seu coração Se quer redenção, vai rezar em vão No fim da rua, só tem escuridão Quando a Lua beija o asfalto Só eu que ando! O medo se arrasta no chão Sob o meu comando! Vou limpar todo esse mal E no julgamento final Vão sentir o peso Do Golpe Fatal! Então me ouça gritar! As lâminas vão cantar! Eles chamam de matança Eu chamo de purificar! Eu vi crianças vendidas por um prato de pão Vi homens queimando só por diversão Vi a lei proteger quem paga mais E os inocentes virarem cinzas, nada mais Eu não sou um soldado, não sirvo a patrão Meu exército é o eco do meu passo no portão Quando bato, não é só pra ferir É pra marcar o que não deve existir O sangue é a tinta, a rua é minha tela Meu trabalho é pintar até que não sobre novela Se a cidade é doente, eu sou a infecção Se a cidade é fraca, eu sou a destruição