Na vastidão da seca terra rachada O vento sopra e canta um lamento E o solo clama, a lágrima calada No peito do sertanejo, sofrimento Mas, no olhar, a esperança não se apaga E sua fé se renova com o tempo Nas noites claras, estrelas são lençóis A Lua é companheira na jornada O gado magro raspa restos de faróis Infância corre, pés descalços, sem parada Buscando a vida em cada canto e cada foz Resignado à sorte desventurada A seca faz dessa gente a alma forte E, apesar do desgosto, há resistência Memória guarda história em seu suporte Contando os relatos de persistência Lembrando que o céu sempre abre um norte E o Sol clareia a nova existência O padre reza e a procissão avança Levando o santo, em prece e alegria A fé é quem sustenta e dá esperança No sertão cada promessa é poesia Que crê na bênção, que existe aliança No encontro com a chuva em harmonia E quando as nuvens escutam o gemido O céu chora e um trovão dá grande susto E cada roça é um campo renascido Recolhendo o suor que foi injusto Trazendo de volta o sorriso querido Daquele chão que é e tanto foi robusto Assim segue o forte povo nordestino Forte, embora a triste seca ainda reste No coração, a crença sempre é o destino Alçando sonhos de Sol a Sol na veste Cantando história no ritmo divino A seca é triste, o amor sempre investe