No alpendre da vida sempre há o parceiro Que finge que é sábio, prudente e ordeiro Mas desde a manhã até o sol se pôr inteiro Coleta boatos qual colecionador verdadeiro Seu passatempo a zunir, como vento ligeiro O maior defeito é o homem fofoqueiro Veste-se de juiz do povo alheio o dia inteiro Com uma língua afiada, qual fino cutelo arteiro Espalha as verdades que ouviu no banheiro E entre risos e deboches, tal jogo é certeiro Num teatro de intrigas, está sempre ligeiro O maior defeito é o homem fofoqueiro Sabe da vizinha, do parente e do padeiro Conta as novidades qual cronista faceiro Até que a verdade percebe o seu cheiro Já viu quem não viu e entende do pipoqueiro Feito um romance de autor charlatoneiro O maior defeito é o homem fofoqueiro Então, povo querido, deixo aqui o conselho Cuidado com o amigo, de sorriso conselheiro Que mergulha em mentiras com brio brejeiro Recolhe a intriga, cultivando um berreiro Porque, no fundo, só quer ser o primeiro O maior defeito é o homem fofoqueiro