No reino das redes é rei quem mente Posta banquete, mas janta semente Com a selfie perfeita, o povo se encanta Na fantasia de luxo, que nem lhe pertence Vende um sorriso, mas a alma lamenta O que importa é viver de aparências De carro importado, desfila na terra Mal sabe o povo que é carro de guerra Na foto ao lado do mar, com pose se mostra Mas é o fundo de tela que ninguém nota Vivendo o glamour que o bolso dispensa O que importa é viver de aparências A vizinhança comenta que vida abastada Mal sabem eles da conta estourada E o sapato caro que usa descalço É comprado em parcelas, quer o troféu falso Na novela da vida vivendo as sentenças O que importa é viver de aparências Com roupas de grife, a brilhar no salão Esconde as etiquetas no armário padrão Na mesa uma taça de vinho elegante É suco de uva, mas segue adiante No teatro da pompa, sem outras sequências O que importa é viver de aparências Parece um marajá no cortejo diário Mas vive no sufoco, no penhor voluntário A pose de atleta, a medalha improvisada Faz corrida no parque e nem é tão aclamada Neste circo da vida a arte é a ciência O que importa é viver de aparências