Cordionita, companheira De incontáveis andanças De solidões e festanças De chamamés e vaneiras Ao correr nas tuas ilheiras Os meus dedos calejados Vejo o futuro e o passado Presente, em notas campeiras Quando o teu corpo espichado Se adelgaça, no meu colo Não há nenhum protocolo Que não possa ser quebrado E eu me paro, arrinconado Escondido atrás do fole Feito quem tomá um gole Junto ao balcão oitavado Cordionita, dos galpões Santuário e catedral Do andejo, do mensual Batizado nos fogões No culto das confissões Rezado junto ao brazedo De ti, escutam segredos Nos cochichos dos botões És a musa cobiçada Que se adona das bailantas E até a mais linda percanta Chega a te olhar desconfiada Parecendo enciumada Quando tu choras, dengosa Ou por vezes maliciosa Num bailongo de ramada Cordionita, quem te adora Conhece teus sentimentos E absorve o fundamento Que do teu íntimo aflora Brotam de dentro pra fora Os teus anseios crioulos Que se arrancham no miolo E nunca mais vão embora E é por isso, que palpita Batendo em ebulição O meu fraco coração Que no meu peito se agita Sinto que a alma levita E o mundo para o seu giro Só pra escutar o suspiro Que vem de ti, cordionita!