No azulejo do silêncio, ajoelho o que me sufoca E deixo o corpo ceder até virar lágrima A rotina mente dia e noite Até seu nome me soprar por dentro Me invadem os papos de madrugada Teus gemidos arranham as paredes caladas A varanda ainda ouve o seu riso solto O chão entrega os segredos um do outro Calei quando era hora de falar Tremi por dentro e deixei desabar O tempo me trai com sua lembrança Acendo as luzes da casa que só vive em mim A sala vazia me encara em silêncio E o que sobrou de nós é um eco sem fim Me recolhi no escuro pra colar os cacos Você me deu a mão já com os olhos rasos Jurei que amar era saber se ausentar E deixei seu cuidado sem ter onde morar Hoje, no espelho, um sorriso tento ensaiar Será que eu estraguei o seu lugar de ficar? Não é que eu queira refazer os passos É que esse vazio ainda me pesa no ar O tempo me trai com sua lembrança Acendo as luzes da casa que só vive em mim A sala vazia me encara em silêncio E o que sobrou de nós é um eco sem fim Você ali quebrada me estendendo os braços Braços finos de quem saboreia tanta ausência Ausência que cresceu em nós como um muro Muro que construí com puro medo e covardia Covardia de jogar fora em vez de consertar Consertar tudo exigia amor em carne viva Viva como a sua fé em nós, mesmo na queda Queda que sofri calado e matei a última chance, sem saber O tempo me trai com sua lembrança Acendo as luzes da casa que só vive em mim A sala vazia me encara em silêncio E o que sobrou de nós é um eco sem fim O tempo me trai com sua lembrança Acendo as luzes da casa que só vive em mim A sala vazia me encara em silêncio E o que sobrou de nós, insiste em existir