Casa de terra Lá no meio da quebrada De paredes esburaca Amarada com cipó Fogão a lenha Caldeirão enferrujado Essa página do passado Nunca mais eis de esquecer Porta de vara sem ferrolho E sem soleira Onde vi a vez primeira O raiar do meu viver Por uma trilha Do boi manso na carroça Se trazia lá da roça O legume pro giral O ano inteiro tinha milho Para o gasto No cercado muito pasto Pra nutrir a criação Uma barraca de abrigar Os animais e o lampião a gás Pendurado no oitão Pratos de barro Espalhado sobre a mesa Já não era mais surpresa O leitinho com cuscuz Em um varal Roupas velhas desfraldadas Muitas delas remendadas No sertão é sempre assim Com tudo isso Eu adoro a minha terra Meu querido pé de serra É um pedaço de mim O tempo corre Com o passo acelerado Sem que não fique marcado Ele não deixa ninguém Um certo dia Eu peguei o estradão O futuro em minha mão Me mostrava outro lugar Para melhor eu mudei Mas não combino Com a força do destino Que não me deixou voltar Pensando bem Deu esquecer a minha infância Já não há mais elegância Numa rosa que murchou Constantemente acolhido Por um sonho De repente eu me transponho Para outra geração Não veja a casa Nem é mais a mesma gente Não é muito convincente Conviver com a ilusão Não veja a casa Nem é mais a mesma gente Não é muito convincente Conviver com a ilusão