Eu nasci num pé de serra Rodeado de ladeiras Onde a mão da natureza Destampava as cachoeiras As águas serpenteavam Bebendo as pequenas fontes Brilhando na luz do dia Cantando na voz dos montes Eu pensava que as pedras Fossem os ossos do chão E os rios fossem vasos Sanguíneo do coração Nesse corpo agigantado Que por Deus sendo criado Deu-lhe alma e perfeição As roças de capoeiras Por entre as franjas da serra Se pareciam remendos Do manto verde da terra No final das invernadas Ouvia-se os madrigais Os galanteios das aves Nas acústicas naturais Folhas maduras caiam Despindo as vegetações Voando a mercê dos ventos Em todas as direções Cobrindo os leitos vazios Dos desfavoráveis rios Sem águas pelos verões Os montes se pareciam Castelos de soberanos Que se tornaram mistérios Nas sombras de muitos anos Os rochedos se curvavam Aos vendavais poeirentos Se transformando nas peças Esculturadas dos ventos A voz da devastação Sempre repelindo a paz Erros que para conserta-los Os ninguém seria capaz Por que o tempo sisudo É responsável por tudo Que ele próprio desfaz Dos meus pais ainda jovens Me resta hoje a lembrança Mas as rugas no meu rosto Negam que já fui criança Agora pergunto a vida Que é da felicidade Ou esse passado lindo Não era realidade Diante o amor efêmero A me só cabe dizer Se fosse ainda é leve Seria o maior prazer Mas a minha mocidade Partiu levando a vontade Que eu tinha de viver Diante o amor efêmero A me só cabe dizer Se fosse ainda é leve Seria o maior prazer Mas a minha mocidade Partiu levando a vontade Que eu tinha de viver