Vento de chuva Vem soprando dos sertões Trazendo recordações Da minha velha morada Mas dessas páginas Da manhã ainda escura Se revela a partitura Da canção da passarada O sertanejo É voltado para roça Nem que more numa choça Ele tem felicidade Sofre no campo Pra suprir seu alimento Mas não dá seu sofrimento Nas belezas da cidade O rio cheio Vem rasgando as ribanceiras Agitando as cachoeiras Nas ondulações da serra As cercania Vai soltando seu aluvio Se parecendo o diluvio Querendo engolir a terra Água barrenta Se espalha no baixio Sem fazer nenhum desvio Passa esburacando o chão Quem observa Ver a cópia da filmagem Apresentado a paisagem Do cinema do sertão O boi de canga Se espreguiça no arado Pra deixar o chão lavrado Se esforça pra seguir O dia inteiro No trabalho não emperra Dando vida aquela terra Que deixou de produzir Os vagalumes Companheiros das cascatas Vão iluminado as matas Com seus faróis naturais São tantas luzes Depois que a noite aparece Que a lua invejosa desce Clareando os matagais Só aos domingos Do trabalho a dor descansa No alpendre se balança Numa rede de algodão Sem preconceito Que o chame em tabaréu A enxada é o troféu Que ganhou na profissão O galo canta Ao romper a madrugada Convidando a bicharada Pra festejar no terreiro De manhã cedo O sertão é mais bonito Vem o sol do infinito Passear no tabuleiro Mas a origem Sertaneja diminui Quando alguém substitui As mãos do trabalhador É o pregresso Que não respeita o passado Trocando boi de arado Nas ferragem do trator Foram bons tempos Que ficaram na distância Eu ainda tenho ânsia De voltar pra minha gente Mas tenho medo De encontrar a solidão Porque não há mais sertão Como houve antigamente Mas tenho medo De encontrar a solidão Porque não há mais sertão Como houve antigamente