Sinto tão sincero teu olhar na multidão
Sinto tão sincero, é teu espelho ou ilusão?
Passas pela rua e por ti nada passou
Qualquer sorriso expressão de fome e dor
E a fumaça vai surgindo na avenida
Entre teu aquecimento e tua ferida
E é no movimento desse trânsito maldito
Que encontras loucura, te para o apito
Tiro surpresa do bandido
O silêncio te afasta do és e do que fostes
Ele é que devassa teus sonhos, teus amores
Ele te esmaga sob esse veneno céu
E só tu vês que espatifaram teu pincel
E assim te some a cor e assim te some a dor
E pelas travessas encontrou solidão
Nos becos da bela cidade apenas ilusão
Foi nas noites de calor que escolheu matar ou morrer
E foi nas de frio que preferiu nem nascer
Deixa o dia amanhecer, deixa o dia amanhecer
Que o Sol dilatará em plena instiga o teu ser
E a natureza cantará por teu reviver
A poesia exultante correrá pelo teu corpo
Trazendo de volta tudo que antes era morto
Assim te some a cor, assim te some a dor