Quando um ponteio rebusca os sonidos dos grotões, E embreta as emoções no braço de uma guitarra, O fogo aquece e acalma com sapiência de monge, A voz se reveste em bronze e a alma vira cigarra. A marca queima vermelha na picanha da saudade, O silêncio fala a verdade sempre que estamos sós, Tudo que habita em nós vem a tona na garganta, E segura a alma canta como cantaram os avós. E assim um canto brota num bordoneio entonado, Como um laço enrodilhado se abrindo num armadão, E melodiosa a canção retrata o bom da vida, E os rigores da lida de estrada, campo e galpão. Tanto e tantos que ganham a vida domando pingos, Para matear nos domingos e reviver pataquadas, Sabem saciar nas aguadas a sede do telurismo, Ler no céu o catecismo das noites enluaradas. Há séculos a natureza energiza estas chapadas, Sol e lua nas canhadas estendem singelo manto, Por isso meu pago santo neste verso enraizado, A emoção faz costado para brotar mais um canto.