Quem sou eu pra dizer uma verdade que vai doer? Pra usar a palavra como lança ou como faca Sou só um passageiro, nesse mesmo barco e mar E amanhã a tempestade também pode me alcançar Por isso calo a pedra que se arma na mão E prefiro te ofertar o abraço, o pão Não tenho esse direito, mas tenho um dever De ser mão que se estende, pra na dor te levantar De ser a voz que acalma e te ajuda a repensar E te lembrar que a esperança ainda vive em seu lugar O direito da verdade, que revela e que refaz Pertence ao Criador de tudo, e a ninguém mais Nesse chão de incertezas, todo mundo pode errar Todo teto é feito de vidro, é tolice atirar Nós vemos só a parte, um fragmento, uma poeira Mas o Dono de tudo enxerga a estrada inteira Então quem sou pra ser o juiz de uma dor? Se o meu próprio caminho também pede um Salvador Tenho mais deveres do que posso merecer E o primeiro é consolar, é ajudar a reviver Não tenho esse direito, mas tenho um dever De ser mão que se estende, pra na dor te levantar De ser a voz que acalma e te ajuda a repensar E te lembrar que a esperança ainda vive em seu lugar O direito da verdade, que revela e que refaz Pertence ao Criador de tudo, e a ninguém mais O Ser mais puro e lindo que na Terra já pisou O Filho do Criador, que entre nós andou Com tanto amor e cuidado, cada frase Ele usou Acolheu, curou feridas, e jamais nos esmagou Se nem Ele, sendo o Verbo, nos tratou com rispidez Quem sou pra ter a posse da verdade de uma vez? Talvez um dia, quem sabe, se seguir o que Ele diz Lavando os pés do mundo, eu me sinta mais feliz E o único direito que peço, no final É o direito de amar, e não fazer nenhum mal