Ei, silêncio no salão, luz fria no refrão Tem perfume de vitória, mas o sangue não tem relação Beat bate no peito, verdade na contramão Se o altar virou vitrine, cadê a contrição? Caiu a máscara, o show começou Gente aplaude o brilho, esquece o calvário Gospel com filtro, sorriso em série, silêncio pro canário Vendendo bênção por like, vendendo paz por cenário O verbo virou embalagem, e o essencial? Sumiu do armário Pastor tem medo do vento, medo do quebrar do vaso Prefere doce no ouvido do que remédio que corta o laço Deixou o lobo na escada, perfume no abraço Enquanto o povo tá sedento, pinta quadro e fecha o espaço Chamam confronto de radical, rotulam dor de drama Mas a cruz sempre foi choque, não selfie, nem programa Se o pecado vira moda, a graça vira cama Acorda, Igreja, essa paz é frágil como fumaça Volta o olhar pra cruz, quem te chama é luz Não é moda, é raiz, não aceita qualquer jus Trocam o sangue por ouro, o altar por status Mas a cruz é corte, é amor que reduz teus fatos Cruz, cruz, abre meu ser Cruz, cruz, me faz ver Tem gente vendendo paz sem falar do vazio Com pacto com o erro, contrato com o desvio Corro o risco de soar duro, mas eu sou só veículo Daquilo que foi entregue, não é meu artigo, é o princípio Igreja precisa de coluna, não de vitrine inflada Que se curva ao trending, mas esquece a estrada O evangelho é confronto, é amor, é espada Corta onde precisa cortar pra libertar a caminhada Não é cancelamento, é chamado à justiça Onde o perdão não é licença pra pública delícia Quem ama repreende, e quem repreende, avisa Que o caminho estreito não cabe em playlist Volta o olhar pra cruz, quem te chama é luz Não é moda, é raiz, não aceita qualquer jus Trocam o sangue por ouro, o altar por status Mas a cruz é corte, é amor que reduz teus fatos Cruz, cruz, abre meu ser Cruz, cruz, me faz ver Não é raiva, é chamada, clareza na consciência Quem ama corrige, não só faz aparência A cruz é confronto, cura e consequência Olha pra madeira, busca a penitência Não tô aqui pra julgar o irmão, tô aqui pra apontar a mão Praquele que caiu, praquele que quer chão O lobo no altar não cala a oração Mas a verdade ressoa, volta pro perdão Para de aplaudir o brilho se a alma tá cega Para de sorrir no palco se a dor ainda te nega A cruz é verbo, viver, morrer, ressuscitar a entrega Se o evangelho é colorido demais, volta a tinta, resta a encomenda Apocalipse 2:4 Quando a graça é barata Significa que alguém cobrou o preço errado Quando o amor é raso, lembra, Deus mergulha fundo E chama pra dentro do barco Volta o olhar pra cruz, quem te chama é luz Não é moda, é raiz, não aceita qualquer jus Trocam o sangue por ouro, o altar por status Mas a cruz é corte, é amor que reduz teus fatos Cruz, cruz, abre meu ser Cruz, cruz, me faz ver No fim não é trending, não é show Não é hit, é sangue e salvação Se o altar caiu na pose, levanta a tua mão Que a verdadeira pregação começa quando a alma sente a contrição Volta o olhar pra cruz, reencontra a direção