Desde pequeno, aprendi a dizer tá tudo bem Mesmo quando o peito gritava que não tava também Falava baixo, sem saber pra quem Ninguém escutava, e eu fingia que tava bem Toda vez que falei tô bem, foi pra disfarçar a dor Pra esconder de mim mesmo o que sobrou de amor E cada palavra que tentei soltar Voltava pra mim, sem ninguém pra escutar E se eu falasse o que escondi de mim? Será que alguém ficava até o fim? Ou só fingia me entender Pra ter o que dizer depois que eu partir? Ninguém me ouviu, ninguém sentiu Me perdi nas dores que o tempo construiu Gritei tão alto que até eu sumi E o resto fingiu que nunca vivi Cresci achando que ser forte era calar Que chorar na frente dos outros era fraquejar E hoje eu só falo quando a dor permite Porque já aprendi que ninguém insiste Fiz da dor um canto, do medo um lar Me acostumei a não esperar E agora que aprendi a não falar É quando o mundo vem me procurar E se eu sumir, será que vão notar? Ou só lembrar quando for pra postar? Porque amor de verdade não vem de stories Vem de quem fica quando o mundo é impare Ninguém me ouviu, ninguém sentiu Me perdi nas dores que o tempo construiu Fingi ser forte até cair Só pra provar que eu podia fingir Me disseram que tudo passa, mas não disseram pra onde Talvez vá pra dentro, talvez se esconda E quando a voz some, o coração fala Mas ninguém entende o que ele cala Agora é tarde, aprendi a aceitar Nem toda dor precisa gritar Talvez eu tenha falado demais Pra quem nunca quis me escutar jamais Hoje o vento fala por mim Carrega o que sobrou daqui E se ninguém lembrar do que eu vivi Tá tudo bem, eu me ouvi, enfim Ninguém me ouviu, ninguém sentiu Me perdi nas dores que o tempo construiu Mas se essa for minha última voz Que ela fique no ar, só pra mostrar que eu existi