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Imagine uma boiada espraiada no estradão
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Mais de duas mil cabeças sem a presença do patrão
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Todas sob a consciência do comissário e seus peões

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Era assim a nossa vida pelos confins dos sertões
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Duas mil reses não são nada comparando-se com às vezes
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Que passei por essa estrada

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Toca o berrante ponteiro
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A boiada se desponta
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Cadê o cozinheiro moço
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A barriga já aponta
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A saudade do vaqueiro
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Na pousada se desmonta

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Mas um dia a viagem era curta como a vida
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E aquela estrada de aboio tornou-se ferida comprida
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E a chegada para nós tinha gosto de partida

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A poeira do estradão repousou no coração
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Não tem mais som de berrante nem perneira e nem gibão
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Só tem choro de vaqueiro nas cordas de um violão

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