Ela dança na beira do abismo
Sorriso pintado, tão cheio de cor
Mas os passos repetem o mesmo destino
E o chão sempre pede um pouco mais de dor
Ele fala bonito, promessas no vento
Faz juras que a noite não vai lembrar
Mas ela insiste no velho argumento
Dessa vez, eu vou me salvar
E o filme repete sem mudar o final
Ela fecha os olhos pra não ver o real
Espelhos quebrados não mostram verdade
Refletem pedaços daquilo que é vão
Corações cegos em plena cidade
Amam as sombras, jurando que é paixão
Tem um nome escrito em cada esquina
Mas nenhum combina com o que ela quer
O relógio grita, o tempo ensina
Mas quem ouve conselhos de mulher?
Os segredos se escondem sob os risos
E os abraços já vêm com manual
Cada toque vem cheio de avisos
Mas ninguém quer ler o sinal
E o erro é vestido de nova canção
E ela dança, sem direção
Quantas vezes precisa cair
Pra chamar de lar o que faz fugir?
Quantas vezes precisa enganar
Até cansar de se machucar?