Fui o erro entre parênteses
A parte que ninguém assume
O detalhe que rasga sorrisos
O toque que perfuma o ciúme
Meu nome não é falado
Mas arde quando chega
Sou o gosto que ninguém admite
Mas todo mundo carrega
Não pedi lugar
Mas ocupei espaços
Entre a mentira e o desejo
Fui o meio-termo dos fracos
Terceira pessoa
Sem rosto, sem culpa definida
Não sou santa, nem segredo
Sou só a ferida preferida
Terceira pessoa
Sem promessa, sem final
Mas quem acende o incêndio
Nunca sai ilesa do ritual
Não fui o veneno
Mas deixaram o copo aberto
Não sou o lar que quebra
Sou só o vento encoberto
Querem que eu carregue tudo
Mas os dois também beberam
Eu só fui o reflexo
Do que já não se escolheram
Não fui plano
Fui desvio
Mas até o erro mais feio
Começa com um arrepio
Terceira pessoa
Sem retrato, sem história
Mas deixo perfume nas brechas
De quem esconde a memória
Terceira pessoa
Sou ausência com impacto
Fui o que disseram que não era
Mas sempre esteve no ato
Não preciso ser lembrada
Pra continuar doendo
Porque algumas presenças
Só existem no que está sendo escondido