Um amor, um amor, um amor
Um amor, um amor, um amor
Entrei no consultório de coração em ruínas
Disse-lhe
Doutor, eu sofro de amor em abstinência
Ele olhou-me calmamente e perguntou
Será amor ou apenas codependência?
Doutor, eu juro que ele me ama
Sinto-me presa num ciclo sem fim
Onde o amor próprio é sempre adiado
Ele diz que é trauma de infância
De um abandono mal curado
Doutor, receite-me qualquer coisa
(Um comprimido que me apague a tua voz)
Já tentei amor em dose certa
Mas este vício nunca vem a sós
Doutor, meta-me num programa de desintoxicação sentimental
Que isto não é drama
É sintoma, de um amor borderline
E terminal
Doutor, dê-me comprimidos para esquecer beijos tóxicos e abraços fingidos
Doutor, ponha-me a dormir
(Se for para eu parar de te pedir para vir)
Doutor, injete-me calma
(Que esta ansiedade só grita o teu nome)
Doutor, salve-me a alma
Ao menos diga que o tempo consome?
Um amor
Um amor
Um amor
Um amor
Um amor
Isto é amor?
Chamas de amor ao que te deixa à espera
Trocas paz por presença
E ainda chamas isso entrega
Aceitas curtas respostas
Desculpa sem desculpa
Um tom que te corta as costas
Silêncio com forma de culpa
(O que é amor?)
Amor é seres prioridade
Pedires colo a ti mesma, mesmo quando isso arde
Chamaste amor ao medo de ficar sozinha
Chamaste de alma gémea a quem te reduz a cinzas
Um amor
Um amor
Parte 1
De um amor
Borderline e terminal