Se fecho os olhos por um segundo
Já começo a delirar
Tua imagem reprisada como um loop infinito
Só para me alegrar
A saudade se dissolve pelos olhos
Até o chão tocar
Contenho minha ansiedade
Que tenho de lhe procurar
Às vezes acho que é maldade
A tentativa de esquecer
Forçando-me a afastar
Minha alma pertence a você
E comigo já não quer mais ficar
Se adormeço, já sonho com você
E é de lei – e tão sei
Que hoje também vou sonhar
Contudo, a realidade distante do teu ser
Me faz querer nunca mais acordar
Tenho sido passageiro de um trem
Que ao seu destino não quer passar
Olhando pelas brechas da janela
Turva e embaçada
Devido à saudade e de tanto chorar
Carrego no peito algumas lembranças
Que ainda me trazem esperança
De um dia nos encontrar
O tempo me sufoca com a imensidão deste trilho
E da linha infinita
Não vejo mais a estação
Que esperava lhe abraçar
A flor mais bonita que achei pelo caminho
Já secou junto à vontade de continuar
Agora já planejo quebrar a janela
E, no meio da ponte, pular –
E como um filme de terror
Em câmera lenta
Olhar o trem distante se apagar